domingo, 1 de maio de 2011

Eventos Vacinais Adversos

Introdução
As vacinas estão entre os produtos biológicos mais seguros, eficazes e com relação custo-benefício mais favorável. Entretanto, sabe-se que eventos adversos podem ocorrer após a aplicação das mesmas. Alguns eventos adversos são observados com frequência relativamente alta, depois da administração de algumas vacinas; no entanto, as manifestações que ocorrem são geralmente benignas e transitórias.
 É preciso ainda grande cuidado em contra indicar as vacinações em virtude de eventos adversos pós vacinais. A pessoa não imunizada corre sérios riscos de adoecer, e além do mais representa um risco para a comunidade. O público deve ser  informado corretamente sobre a ocorrência dos eventos adversos pós vacinais, evitando-se noticiários sensacionalistas e precipitados, que podem abalar a confiança no programa de imunizações e diminuir as coberturas vacinais, com resultados funestos.
O Sistema Nacional de Vigilância de Eventos Adversos das Vacinas, implantado pelo Programa Nacional de Imunizações - PNI, orienta a notificação e investigação desses casos, na expectativa de que o mesmo possa amparar e esclarecer os profissionais de saúde e o público em geral, bem como contribuir para o aperfeiçoamento das vacinações.

Conceitos Gerais
Pontos básicos para uma investigação dos eventos adversos pós vacinais:
 Determinadas reações são esperadas, embora sua intensidade e frequência sejam variáveis,  por exemplo, dor no local de aplicação ou convulsões. Outras, decorrem de falhas durante o processo de produção das vacinas, como por exemplo contaminação ou qualidade inadequada de determinados componentes, ou de falhas na técnica de aplicação
Complicações ou reações imunológicas:
  • Complicações  em pacientes com comprometimento imunológico.
  • Reações de hipersensibilidade em indivíduos alérgicos.
  • Reações imunológicas adversas, que parecem estar relacionadas com a natureza do antígeno ou com a via de administração.
BCG
No Brasil, até o final dos anos 60, só se aplicava a vacina BCG  por via oral. Em 1973, iniciou-se, através do Programa Nacional de Imunizações, a aplicação da vacina BCG intradérmica. A primeira dose desta vacina é indicada, para ser aplicada no primeiro mês de vida.
Lesões locais e regionais (mais frequentes):
  • Úlcera com diâmetro maior que 1cm
  • Abscesso subcutâneo frio
  • Abscesso subcutâneo quente
  • Linfadenopatia regional supurada
  • Cicatriz queloide
Observação: Os eventos adversos locais e regionais (úlcera com diâmetro maior que 1cm, abscesso e linfadenopatia regional supurada) são decorrentes, na maioria dos casos,  de técnica incorreta na aplicação da vacina.
Hepatite B
É uma doença sexualmente transmissível causada pelo vírus da hepatite B. A vacina, além de proteger contra a hepatite B, também previne a hepatite D que, para infectar o homem, precisa da presença do vírus da hepatite B em seu organismo. 
Os eventos adversos comuns ou esperados para esta vacina são:
  • Edema e eritema e nódulo indolor no local da injeção.
  • Mal-estar, cefaleia , astenia, mialgia e artralgia.
  • Febre de 37,5°C.
  • Choque anafilático (Este evento adverso é raro e grave).
Além dos eventos anteriormente relacionados, podem ocorrer abscessos, ocasionados por problemas na técnica de aplicação.
DTP-Hib
A vacina DTP-Hib, protege contra a difteria, o tétano, a coqueluche e outras doenças causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b. Esta vacina é eficaz, já que reúne, em uma única dose, os componentes imunológicos capazes de proteger contra todas esta doenças.
Há precauções como:
  • Episódio hipotônico hiporresponsivo.
  • Manifestação neurológica.
  • Apneia no caso de recém-nascido prematuro extremo.
Eventos adversos comuns após a aplicação:
  • Febre
  • Hiperemia
  • Nódulo indolor no local da aplicação
  • Sonolência
  • Anorexia
  • Vomito
  • Abcessos quentes ou frios
  • Choro persistente
  • Reações de hipersensibilidade cutânea
Eventos adversos raros e graves:
Convulsão: Caracteriza-se por alteração do nível de consciência, acompanhada de contrações musculares involuntárias. Aparece nos3 primeiros dias após a aplicação da vacina.  
Episódio Hipotônico Hiporresponsivo (EHH): É de instalação súbita e de curta duração. Há presença de palidez, ou cianose perioral, hipotonia, diminuição ou ausência de resposta aos estímulos.
Encefalopatia: Distúrbio do sistema nervoso central grave, que se assemelha clinicamente à encefalite, mas sem evidência de reação inflamatória. Quando acontece após aplicação desta vacina, ou da DTP, pode ocorrer até 7 dias após sua aplicação.
Choque Anafilático: Pode instalar-se nas primeiras 2 horas após a aplicação da vacina. Caracteriza-se por hipotensão ou choque associado à urticária, edema de face e laringoespasmo.
DTP
A vacina que protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche, é conhecida como DTP, ou tríplice bacteriana. A vacina DTP, por orientação do Programa Nacional de Imunizações, tem sido indicada apenas para o reforço do esquema básico iniciado com a vacina DTP Hib.
Observação: As reações adversas que podem ocorrer  são as mesmas da DTP-Hib.
Poliomielite (VOP)
No Brasil, até 1980, registravam-se, anualmente, em torno de 3 mil casos de poliomielite.. Para que a poliomielite fosse erradicada  foram usadas duas estratégias fundamentais:
  • A intensificação da vacinação de rotina, tendo como resultado a manutenção de altas coberturas vacinais.
  • A realização de campanhas de vacinação em massa, através do  estabelecimento do Dia Nacional de Vacinação, para todas as crianças abaixo de 5 anos de idade.
O evento adverso que pode ocorrer após o uso da vacina, é a própria doença, a poliomielite. Diferente das demais vacinas, este evento pode acometer à criança vacinada, ou a seus comunicantes (pessoas que têm contato com o vacinado).
Tríplice Viral
As doenças prevenidas por essa vacina são o Sarampo, a Rubéola e a Caxumba. Essas três doenças são transmitidas de pessoa a pessoa e são capazes de provocar epidemias quando seus vírus circulam em ambientes fechados e/ou de muita aglomeração.
Os eventos adversos comuns aos componentes do sarampo, rubéola e caxumba da vacina tríplice viral:
  • Reações locais como dor, eritema, ardência e/ou endurecimento no local da aplicação.
  • Reações alérgicas como eritema com prurido no local de aplicação, e exantema.
  • Febre de 39,5°C ou mais. Surge normalmente no quinto dia após a vacinação e dura no máximo cinco dias.
Febre Amarela
No Brasil, essa vacina começou a ser administrada em 1939. O mosquito Aedes aegypti dissemina a doença. Este vetor é responsável pela  transmissão tanto da febre amarela quanto da dengue. 
Os eventos adversos comuns ou esperados para esta vacina são:
  • Dor no local da aplicação de curta duração, febre, mialgia  e cefaleia.
  • Reações de hipersensibilidade
  • Encefalite
  • Choque anafilático
  • Visceralização
DT/dT
Quando a cobertura vacinal é baixa, atinge principalmente às crianças e, onde é alta, os casos em adultos costumam ser mais frequentes.
A vacinação contra a difteria e o tétano está indicada nas seguintes situações:
  • Dupla Bacteriana Infantil-DT: Para crianças menores de 7 anos que tenham  contra-indicação formal de vacinação com a DTP  e com a DTP-Hib.
  • Dupla Bacteriana Adulto-dT: Para adultos e crianças com mais de 7 anos.
Os eventos adversos comuns após a aplicação desta vacina são:
  • Dor, eritema, e edema no local da aplicação
  • Linfadenopatia (íngua)
  • Febre, raramente superior a 39°C
  • abscessos quentes ou frios
  • Reação de Arthus ou de hipersensibilidade do tipo III
  • Neuropatia periférica
  • Síndrome de Guillain Barré
  • Choque Anafilático
Influenza
A influenza ou gripe, é considerada pela OMS a mais importante doença de transmissão respiratória, depois  da tuberculose. Cerca de 80% a 90% dos óbitos ocasionados por esta doença ocorrem  em pessoas com mais de 65 anos de idade. A gripe é capaz de causar grandes epidemias, como a ocorrida em 1918, que matou mais de 20 milhões de pessoas.
  • Os eventos adversos locais esperados são: Dor, edema, eritema e endurecimento, que podem permanecer por até 2 dias após a vacinação.
  • Os eventos adversos sistêmicos mais frequentes incluem: Mal-estar, febre baixa e dor muscular.
  • Choque anafilático: Hipotensão ou choque associado à urticária, edema de face e laringospasmo.

Pneumococo
A vacinação contra o pneumococo é utilizada para prevenir doenças como pneumonia, otite média, septicemia e bacteremia  pneumocócica, sobretudo em idosos hospitalizados e asilados, não sendo indicada, no Brasil, para uso na rotina.
Os eventos adversos comuns após a vacinação, são:
  • Dor ou eritema no local da aplicação.
  • Choque anafilático
  • Também podem ocorrer nas primeiras 24 horas, manifestações sistêmicas leves, tais como: Febre, mal-estar, cefaleia e mialgia.
Raiva Humana
No Brasil, o programa de profilaxia da raiva foi implantado em meados da década de 70, buscando diminuir tanto os casos de raiva nos animais quanto nos seres humanos. A ocorrência dos casos tem diminuído progressivamente, sendo que na região Sul, não se registra nenhum caso de raiva humana desde 1981.
Os eventos relatados após a aplicação da vacina são:
  •  Reações Alérgicas ou de hipersensibilidade grave.
As manifestações sistêmicas mais graves em geral de caráter neurológico são:
  • Síndrome de Guillain-Barré
  • Encefalite
  • Mielite
  • Meningite
  • Radiculite
Febre Tifoide
A febre tifoide ocorre de acordo com as condições de saneamento e hábitos individuais. No Brasil, persiste principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde as condições de vida são precárias para grandes parcelas da população.
Os eventos adversos esperados são:
  • Na vacina de polissacarídeo purificado:Podem ocorrer manifestações locais discretas.
  • Na vacina de bactérias vivas atenuadas:Manifestações gastrintestinais leves; erupções cutâneas pouco intensas.


Referências

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